Fred é um caso para se estudar. Ele faz gol de pé – aos montes. Faz gol no ar – às pencas. Mas, cá entre nós, gol deitado não é em toda lua cheia que sai. Que gol. Que gol. Eram só dois minutos do primeiro tempo. Do concreto cheirando a novo do Maracanã, parecia pulsar um organismo vivo, como se o estádio fosse, por si só, um torcedor – o maior dos torcedores.

Fred ganha beijo de Neymar após marcar: Brasil pula na frente logo no início (Foto: Reuters)
Ah, aí o Maracanã entrou numa euforia que parecia guardada nos três anos em que o estádio ficou fechado. Por uns 15 minutos, a Espanha pareceu atordoada. Paulinho, por cobertura, quase fez um gol histórico, mas Casillas salvou. Arbeloa, logo depois, levou amarelo ao evitar arrancada de Neymar que fatalmente renderia gol. Era impressionante a superioridade do Brasil.

Neymar agradece aos céus: ele foi eleito o melhor em campo na grande final (Foto: AP)
A Espanha se acalmou, entrou no jogo, enfrentou o Brasil. Mas a Seleção jamais deixou de buscar o segundo gol. Fred bateu cruzado, para fora. Também tentou de cabeça, novamente fora do alvo. E recebeu livre, frente a frente com Casillas, mas chutou em cima do goleiro.
Enquanto isso, Neymar era arisco, envolvente, agudo. Participava dos ataques. Parecia bufar em busca de um gol. E conseguiu. Foi aos 44 minutos. Pegou a bola pela esquerda, acionou Oscar e recebeu de volta. Bom lembrar que os dois foram muito inteligentes. Primeiro o camisa 11, que, ao perceber Neymar impedido no lance, prendeu a bola. Depois, o camisa 10, ao recuar para sair da posição irregular. Foi quando Oscar rolou na medida, e Neymar nem pensou: já emendou um chute seco, forte, no ângulo. Casillas vai passar o resto da vida procurando a bola. Que pancada: 2 a 0.
Festa completa: mais um de Fred

Piqué expulso por falta em Neymar. Brasil muito superior em campo (Foto: Reuters)
Acabou. A Espanha, por melhor que seja, por mais talento que tenha, não poderia virar. Mas bem que tentou. Aos oito minutos, Marcelo fez pênalti em Navas. Poderia ser a sobrevida do adversário, não fosse esse domingo um dia dedicado ao Brasil. Sergio Ramos bateu. Para fora. A torcida vibrou como se fosse gol.
O Brasil seguiu atacando. A Espanha também. Em uma arrancada verde-amarela, Piqué derrubou Neymar, seu futuro colega de Barcelona, e foi expulso. Estava aberto o caminho para mais gols.
Mas eles não saíram. O Brasil teve outras chances, inclusive em contra-ataques com quatro jogadores contra dois. Falhou em um detalhe ou outro – um conforto permitido àqueles que têm a vitória nas mãos. A Espanha, com Villa em campo, teve honradez para sempre buscar seu gol, como se estivesse 0 a 0.
Inútil. Era a noite da queda dos grandes campeões mundiais, dos grandes bicampeões europeus. Acima de tudo, era a noite do retorno do maior campeão.

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